quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Improbalidade estatística

Veio do meu amigo Eduardo Nunes, sociólogo, por certo, a idéia de que somos, todos nós, improbabilidades estatísticas. A chance de que existíssemos era quase a igual a zero. Pare pra pensar:

Quais foram as condições necessárias para que seus avós se conhecessem? Que situações inusitadas aproximaram seus pais? (Os meus se encontraram porque meu avô paterno, próspero cafeicultor da zona da mata mineira, perdeu tudo o que tinha durante a quebradeira da Bolsa em 1929 e decidiu se transferir para Alvarenga, uma cidadezinha a mais de 400 km de distância, da qual mal havia ouvido falar).

Estabelecidos todos os encontros, cada indivíduo é o que é apenas porque, dentre milhões de espermatozóides, exatamente aquele se juntou ao óvulo.

Se é, no mínimo, jocoso, o raciocínio nos leva a crer que somos totalmente originais. Não há nada como você por aí. Quem poderia, então, amá-lo mais do que você mesmo?

A singularidade quase absurda que a natureza nos reserva me faz pensar que amar a mim mesmo não é ter orgulho exacerbado das minhas virtudes ou piedade disfarçada pelos meus defeitos. Amar a mim mesmo é ter uma boa consciência do que sou, a exata medida das minhas possibilidades. Afinal, como fruto de uma improbabilidade estatística, somente eu posso me medir com a exata medida.

2 comentários:

Sandra Leite disse...

Ronaldo,

Salve, salve o mestre da palavra.

Tim-tim!!!

Ronaldo Martins disse...

Estou aprendendo com você, caríssima Sandra.
Até breve.