sexta-feira, 27 de junho de 2008

Chesterton e a ortodoxia


A obra: Ortodoxia
O autor: G.K. Chesterton

Acabei de ler o livro, uma reedição comemorativa dos 100 anos de publicação da obra.
Chesterton, filósofo e escritor inglês, que produziu muito no início do século XX, faz uma defesa consistente do cristianismo contra o materialismo e o racionalismo.

Em nosso mundo pós-moderno, a palavra ortodoxia tem sido relacionada com conservadorismo. Chesterton tenta demonstrar que não é bem assim. Para ser revolucionário, o indivíduo deve, muitas vezes, ser ortodoxo.

Recomendo a leitura.

Como não quero fazer uma discussão filosófica tão árida, recolhi um trecho mais ameno do livro para compatilhar:

"Se algum ato humano qualquer pode, grosso modo, ser chamado de sem causa, trata-se de um ato menor de um homem sensato: assobiar andando por aí, golpear o capim com uma bengala, bater os calcanhares no chão ou esfregar as mãos. O homem feliz é que faz coisas inúteis; o homem doente não dispõe de força suficiente para ficar sem fazer nada.
São exatamente essas ações despreocupadas e sem causa que o louco jamais saberia entender; pois o louco (como o determinista) em geral vê causa demais em tudo. O louco veria um significado de conspiração nessas atividades vazias" (Chesterton)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sopa aérea



Eu adoro sopas.
Pensei que gostava de qualquer tipo de sopa.
Me enganei.

Na semana passada, voando de SP para BH, fui surpreendido pela Cia Aérea. Ao iniciar o serviço de bordo, eles informaram que o "prato" seria sopa. Confesso que nunca havia tomado sopa em um avião. Se alguém já teve esta experiência, que nos relate, por favor.

O pessoal da Cia Aérea deve ter chamado isso de inovação. Eu prefiro chamar de desencantamento. Antes de explicar por que penso assim, tenho que fazer justiça: eles conseguiram me fazer perceber que, na verdade, não gosto de sopa, mas do ritual que ela nos proporciona em volta da mesa.

A sopa do avião não tinha qualquer encanto.
Imaginem: ela estava acondicionada em garrafas térmicas (seria demais imaginar uma panela borbulhante voando por aí); era servida em uma canequinha de isopor (muito diferente dos pratinhos de louça); devia ser bebida, como se faz com o cafezinho do avião (sopa sem colher é demais!); pra finalizar, não consegui me ver deixando o caldo escorrer pela camisa. Dentro de um avião, não seria possível.

A única coisa que a sopa da TAM conseguiu foi fazer o serviço de bordo atrasar. As comissárias não se derem bem com aqueles carrinhos entupidos de "garrafas de sopa".

Definitivamente, não gosto de sopa.
Gosto de algo que nos encanta, fazendo da refeição um divertimento.
Pode até ser uma boa sopa.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Naquela mesa



Admito que tenho um gosto musical, diria, eclético.
Com esta história de ficar falando de reminiscências, me lembrei de uma canção antiga, da qual meu pai gostava muito.

Veja se você já ouviu este verso: "naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim".

A canção foi feita pelo Sérgio Bittencourt, em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim, o homem que transformou a história do bandolim na música brasileira.

Eu não sei qual era a falta que meu pai sentia ao ouvir esta música. Infelizmente, nunca conversamos sobre isso. Mas, para mim, esta canção acabou se tornando um símbolo da falta que eu sinto dele.

A mesa é o local em que nossas faltas doem mais. Afinal, é na mesa que nos tornamos completos. Ao redor do pão, do vinho e dos amigos, temos a sensação de que vale a pena viver. Não foi por outro motivo que Jesus Cristo escolheu ser lembrado ao redor da mesa: "todas as vezes em que vocês beberem deste pão e comerem deste vinho, se recordarão de mim".

É por isso que, na mesa, sentimos tanta saudade daquilo que nos falta.

 Nelson Gonsalves - Naquela Mesa - Nelson Gonsalves - Naquela Mesa


NAQUELA MESA

naquela mesa ele sentava sempre
e me dizia sempre o que é viver melhor
naquela mesa ele contava histórias
que hoje na memória eu guardo e sei de cor
naquela mesa ele juntava gente
e contava contente o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho
eu fiquei seu fã
eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto, uma casa e um jardim
se eu soubesse o quanto dói a vida
essa dor tão doída, não doía assim
agora resta uma mesa na sala
e hoje ninguém mais fala do seu bandolim
naquela mesa ta faltando ele
e a saudade dele ta doendo em mim
naquela mesa ta faltando ele

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Eu não tive um Falcon


Em homenagem ao Jasão, que sempre obriga os amigos a atualizarem seus blogs, resolvi falar mais um pouco sobre objetos que moram no passado.

Mas agora quero me lembrar de algo que não tive. Uma das grandes frustrações da minha vida foi nunca ter ganhado um Falcon de presente (felizmente, não fiquei com cara de Falcon por causa disso).

Por que será que minha mãe nunca me deu um Falcon?
Como diria a Sandra, eu devo estar ficando velho. Guimarães Rosa deve ter se inspirado na Sandra quando fez o Riobaldo dizer: "toda saudade é uma espécie de velhice".

Será que a gente ainda encontra o Falcon nas lojas?