sexta-feira, 27 de março de 2009

Saudades de Portugal


Xandão e Marilene estão contando os dias para a viagem de volta a Lagos, Portugal.

Eles terão um retorno ao passado, do qual ficaram presas na memória lembranças de um tempo difícil, que deixou marcas de felicidade.

É assim que a gente faz com o passado: elimina a poeira que não faz falta e retém o que foi marcante. Em Lagos, os dois viveram a vida de imigrantes que buscam dias melhores. Foi bom. Mas, em Portugal, descobriram que não poderiam viver sem o Brasil. Há mais de 10 anos, voltaram. Somente agora vão ter a oportunidade de viajar para rever os amigos que deixaram por lá.

O passado e a saudade podem ser percebidos sob vários pontos-de-vista.

Enquanto viviam em Lagos, o Brasil era o seu passado.
Hoje, a saudade vive em Portugal.

Pensando sobre a viagem de Alexandre e Marilene, fico aqui "filosofando" sobre o alcance das minhas memórias. Até onde posso retroceder no passado? Ou melhor, quanto quero retroceder?

Onde ficaram guardadas as melhores lembranças? Já dizia Adélia Prado: "o que a memória ama, fica eterno".

Quero voltar sempre a olhar para trás.

Há muito a descobrir até que eu chegue no começo de tudo.
Como bom brasileiro, eu poderia dizer que o começo está em Portugal.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Poesia de Outono


Eu sabia que isso iria acontecer.
A Sandra me provou que há muita poesia no outono.

Juntar Ed Motta e Rio de Janeiro só poderia dar nisso.
É covardia.

 Ed Motta - Outono no Rio


OUTONO NO RIO (Ed Motta)

Me dê a mão
Vai amanhecer
Juntos pela madrugada
Luz, contra-luz
Sobre os Dois Irmãos
Pra mim

Há um lugar para ser feliz
Além de abril em Paris
Outono, outono no Rio

No seu olhar
Já se fez manhã
Vamos logo a Guanabara
Vai se fechar
Vou levar você
Pra mim

sexta-feira, 20 de março de 2009

Chegou o outono


Neste ano eu não me esqueci, e vou lembrar você: o outono começa amanhã.
Como é que a gente pode esquecer o início do outono?
Haveria estação mais importante?

Em 30 segundos, posso cantar várias músicas que falam sobre a primavera, o verão ou o inverno. Sei que existem músicas sobre o outono, mas elas não têm poesia.

O Tim Maia resumia o amor nas outras estações:
"Porque é primavera, te amo"...

O que dizer do Beto Guedes?
"Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos"...

Eu nunca me convenci com a explicação de que o outono é a estação na qual as folhas caem das árvores. Isso sempre me soou como um jeito frágil de caracterizar um tempo que não se revela pra nós. Nos meus sonhos, posso ver a primavera ou o verão. O outono não está na minha mente.

Sei que no hemisfério norte o outono tem algumas características marcantes. Pelo menos, é o que dizem.

Mas eu sou brasileiro e, definitivamente, o outono parece não ter a menor graça entre nós. Não temos aquelas paisagens incríveis de jardins coalhados de folhas secas.

Entretanto, dizem que o outono é o símbolo da renovação.

Que ele seja apenas um tempo de descanso ou de espera. Afinal, a vida exige momentos nos quais a gente precisa apenas esperar. Seria dramático encontrar o gozo do verão todos os dias; contemplar uma beleza que não se esgota, como nas melhores primaveras; ou buscar o calor do outro a todo momento, feito nos dias de inverno.

Bom que exista o outono.

Melhor ainda não precisar de uma fantasia diária.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Poeira no vento



Tudo é poeira no vento.

Talvez eu colocasse a música "Dust in the wind", do Kansas, entre minhas dez preferidas, se tivesse a capacidade de definir essa lista.

A poeira que se esvai em um sopro é o símbolo mais forte da nossa existência, que não nos deixa permanecer para sempre.

Está no mito bíblico: nascemos do pó, feito barro que ganha sopro de vida, e nos tornaremos pó, quando perdermos o fôlego. Neste jogo, pó e vento definem o que somos.

Quando temos a sensação de completude é porque estamos cheios, com o sopro que vem de fora, trazendo algo para nos dar sentido. Quando caímos, perdemos o fôlego e tudo nos é arrancado.

Coincidência ou não, um dos meus livros preferidos traz no título uma expressão marcante, em torno do mesmo tema: "Pergunte ao pó" (John Fante).

Sejamos honestos: tudo é poeira no vento. Pergunte ao pó.



DUST IN THE WIND (Kansas)

I close my eyes
Only for a moment and the moment's gone
All my dreams
Pass before my eyes, a curiosity

Dust in the wind
All they are is dust in the wind

Same old song
Just a drop of water in an endless sea
All we do
Crumbles to the ground, though we refuse to see

Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Now, Don't hang on
Nothing lasts forever but the earth and sky
It slips away
And all your money won't another minute buy

Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

quarta-feira, 11 de março de 2009

Biquinis e estatísticas


Os jornais descobriram mais um assunto para atormentar nossas noites de sono: a queda do PIB brasileiro no quarto trimestre do ano passado.

Mas como eu confio muito mais no meu amigo Eduardo Nunes do que na Míriam Leitão, estou tranquilo. Segundo ele, quando o assunto é o crescimento econômico, não adianta ficar olhando apenas para o retrovisor. O importante é o que vai acontecer de agora pra frente.

Ou, como diria Delfim Neto:

"As estatísticas são como biquinis: mostram quase tudo, mas escondem o essencial".

sexta-feira, 6 de março de 2009

segunda-feira, 2 de março de 2009

A turma do blog


Eu fico cada vez mais impressionado com o poder de mobilização da internet.
Bastaram alguns poucos e-mails para que eu conseguisse reunir 75% dos meus leitores fiéis lá em casa.

Veja aí em cima: Jasão, Sandra Leite e Xandão.

Nem tudo é perfeito. Como os outros 25% (o Edu) estavam viajando para o exterior, o quórum não foi completo.

Viva a Web.