sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A "ditabranda" da Folha


Preste atenção no editorial do Jornal Folha de S. Paulo (o grifo é meu):

Apesar da vitória eleitoral do caudilho venezuelano, oposição ativa e crise do petróleo vão dificultar perpetuação no poder

O ROLO compressor do bonapartismo chavista destruiu mais um pilar do sistema de pesos e contrapesos que caracteriza a democracia. Na Venezuela, os governantes, a começar do presidente da República, estão autorizados a concorrer a quantas reeleições seguidas desejarem.

Hugo Chávez venceu o referendo de domingo, a segunda tentativa de dinamitar os limites a sua permanência no poder. Como na consulta do final de 2007, a votação de anteontem revelou um país dividido. Desta vez, contudo, a discreta maioria (54,9%) favoreceu o projeto presidencial de aproximar-se do recorde de mando do ditador Fidel Castro.

Outra diferença em relação ao referendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não está disposto a reapresentar a consulta popular. Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público doméstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral.

Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente.

Em dez anos de poder, Hugo Chávez submeteu, pouco a pouco, o Legislativo e o Judiciário aos desígnios da Presidência. Fechou o círculo de mando ao impor-se à PDVSA, a gigante estatal do petróleo.

A inabilidade inicial da oposição, que em 2002 patrocinou um golpe de Estado fracassado contra Chávez e depois boicotou eleições, abriu caminho para a marcha autoritária; as receitas extraordinárias do petróleo a impulsionaram. Como num populismo de manual, o dinheiro fluiu copiosamente para as ações sociais do presidente, garantindo-lhe a base de sustentação.

Nada de novo, porém, foi produzido na economia da Venezuela, tampouco na sua teia de instituições políticas; Chávez apenas a fragilizou ao concentrar poder. A política e a economia naquele país continuam simplórias -e expostas às oscilações cíclicas do preço do petróleo.

O parasitismo exercido por Chávez nas finanças do petróleo e do Estado foi tão profundo que a inflação disparou na Venezuela antes mesmo da vertiginosa inversão no preço do combustível. Com a reviravolta na cotação, restam ao governo populista poucos recursos para evitar uma queda sensível e rápida no nível de consumo dos venezuelanos.

Nesse contexto, e diante de uma oposição revigorada e ativa, é provável que o conforto de Hugo Chávez diminua bastante daqui para a frente, a despeito da vitória de domingo.

(Editorial da Folha de S. Paulo publicado na edição de 17/02/09)


Em resposta a várias mensagens de protesto enviadas ao jornal, eles publicaram a seguinte nota:

Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.

Depois de ler, peguei o telefone e cancelei minha assinatura do UOL.
Não é nada, não é nada... não é nada mesmo.

Mas é muito bom ser livre para tomar decisões.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Camarão tailandês pode fazer mal


Da série "Conversas que eu não queria ouvir, mas não há nada a fazer quando as pessoas conversam alto e não tenho ipod para colocar no ouvido enquanto desço a escada rolante".

Um homem e uma mulher caminham.

O homem: "como as pessoas têm falado em crise!"
A mulher: "agora, se vêm com esta conversa eu logo digo: estou com crise de alegria, de bom humor, de otimismo..."
O homem: "boa idéia".
A mulher: "é claro que ninguém é de ferro. Às vezes, a gente não está bem".
O homem: "é..."
A mulher: "no último fim de semana, por exemplo, eu não estava bem. Fui a um casamento na sexta e me esbaldei com o camarão tailandês. Passei o sábado inteiro super indispota".
(PANO RÁPIDO)

Eu só posso tirar duas conclusões:
1) Camarão tailandês em excesso faz mal.
2) Existem milhares de planetas Terra. Cada um vê a vida com as lentes que escolhe.