terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Feliz Natal


O que as pessoas querem dizer quando desejam "Feliz Natal"?

Os cristãos poderiam ter uma resposta para a pergunta. Talvez no passado, não mais hoje.

Mas, independentemente da fé ou da falta de fé em uma realidade transcendental, quem sabe seja possível dar um sentido para o Natal. Tempo de construir esperanças, acreditar em transformações, desejar um mundo melhor. Tempo de cura.

Feliz Natal



Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

Existirá
Em todo porto se estiará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O amor, segundo Neruda



No blog do meu amigo Jason (O esvaziar das nuvens), encontrei um texto interessante de Nietzsche: "Ao iniciar um casamento, o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte do tempo é dedicada à conversa".

Para conseguir o que propõe Nietzche, é preciso saber amar sem desejar apenas o que nos preenche a falta, como pensava Platão. Acho que a maioria dos amantes tem dificuldade para lidar com isto: querer aquilo que está ao nosso lado, aparentemente antigo, desinteressante, coisa que parece não preencher vazio nenhum. Desejar a mesma mulher ou mesmo homem por toda a vida. Quando bate esta sensação, eles logo dizem, como motivo para o adeus: "o amor acabou".

Que tipo de amor? Com certeza, não é o amor de que fala Pablo Neruda:

Desta vez me deixa ser feliz
Nada aconteceu a ninguém,
não estou em parte alguma,
simplesmente sucede
que sou feliz
pelos quatro costados
do coração, andando,
dormindo ou escrevendo.
O que posso fazer, sou feliz.
Tu a meu lado na areia,
é areia,
tu cantas e és canto,
o mundo
é hoje minha alma:
canto e areia
o mundo
é hoje a tua boca;
me deixa
em tua boca e na areia
ser feliz,
ser feliz porque sim, porque
respiro
e porque tu respiras,
ser feliz porque toco
teu joelho
e é como se tocasse
a pele azul do céu
e sua frescura.
Hoje me deixa só a mim
ser feliz,
como todos ou sem todos,
ser feliz
com a relva
e a areia,
ser feliz
com o ar e a terra,
ser feliz
contigo com a tua boca,
ser feliz.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Qual é a nossa motivação?

Fui renovar minha carteira de habilitação. A mulher que estava sendo atendida antes de mim ficou indignada quando soube que, por causa do movimento de fim de ano, o motorista pode ter que esperar até 15 dias para receber o documento em casa. Ela disse em alto e bom som, para que todos na sala pudessem ouvir: "então meu marido vai ter que ligar para o Diretor do Detran, que é amigo dele". Ela não só pensava em usar uma suposta influência, mas necessitava demonstrar que tinha a tal influência.

Poder, dinheiro e prestígio - penso que esses são os três principais motores do ser humano. Quando buscamos no fundo da alma a nossa motivação (aquilo por que lutamos) corremos o risco de encontrar uma das três razões.

A minha lista deriva do que diz Spinoza. Ao refletir sobre as coisas que poderiam produzir a suprema felicidade (segundo pensam os homens), ele destacou as riquezas, as honras e a concupiscência. O problema, diz o filósofo, é que, se formos frustrados em algum momento na esperança de viver felizes com base nessas motivações, podemos ser tomados por uma suprema tristeza.

Poder, riqueza, honra, prestígio...

Quando mais pensamos ser felizes nos movendo sobre essas bases, mais desejamos ser reconhecidos por elas. Pensamos ficar mais belos assim.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Platão e Salomão


A gente ama pra ser eterno. A procura pela beleza definitiva gera o desejo de ser imortal.O herói não se arrisca apenas para salvar a pessoa amada, mas para se imortalizar em sua coragem.É mais ou menos o que diz Platão:

"Atenta bem na ambição que domina todos os homens e ficarás surpreendido com o absurdo dessa ambição, se pensares como eles estão dominados pelo desejo de conquistar honrarias e glórias de eterna duração. É esse desejo mais ainda do que o amor aos filhos, que os faz, se isso for preciso, encarar todos os perigos, esbanjar fortunas, reagir contra todas as fadigas, sacrificar a vida."

Mas em quê devo colocar meu esforço de ser imortal?
É bom meditar sobre o que diz Salomão:

"Se o Senhor não construir a casa, em vão se esforçam os que trabalham na construção. Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam os seguranças. É inútil levantar de madrugada ou dormir tarde da noite para aproveitar tudo aquilo que se possa consumir da vida. Aos que ele ama, Deus dá de tudo enquanto dormem"

O desafio é escolher a coisa/causa certa para buscar nossa imortalidade.