sexta-feira, 13 de março de 2009

Poeira no vento



Tudo é poeira no vento.

Talvez eu colocasse a música "Dust in the wind", do Kansas, entre minhas dez preferidas, se tivesse a capacidade de definir essa lista.

A poeira que se esvai em um sopro é o símbolo mais forte da nossa existência, que não nos deixa permanecer para sempre.

Está no mito bíblico: nascemos do pó, feito barro que ganha sopro de vida, e nos tornaremos pó, quando perdermos o fôlego. Neste jogo, pó e vento definem o que somos.

Quando temos a sensação de completude é porque estamos cheios, com o sopro que vem de fora, trazendo algo para nos dar sentido. Quando caímos, perdemos o fôlego e tudo nos é arrancado.

Coincidência ou não, um dos meus livros preferidos traz no título uma expressão marcante, em torno do mesmo tema: "Pergunte ao pó" (John Fante).

Sejamos honestos: tudo é poeira no vento. Pergunte ao pó.



DUST IN THE WIND (Kansas)

I close my eyes
Only for a moment and the moment's gone
All my dreams
Pass before my eyes, a curiosity

Dust in the wind
All they are is dust in the wind

Same old song
Just a drop of water in an endless sea
All we do
Crumbles to the ground, though we refuse to see

Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Now, Don't hang on
Nothing lasts forever but the earth and sky
It slips away
And all your money won't another minute buy

Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

3 comentários:

Anônimo disse...

bacana demais - também adoro essa música - você sabe!

- Atualizei o post - acho que agora ele está mais claro.

Anônimo disse...

Caro Jornalista-Pó,

Depois do post erótico-pornô do biquíni:->, retornas à Filosofia com estilo.

Nada mais pós-moderno do que discorrer sobre a insignificância da vida.

Pó. Somos pó e importa pó ser. Encontrar significado no que não somos, mas no que nos transformamos, no que nos sopra.

Pó ao vento do sopro divino. O hálito do amor que nós faz “menos pó, menos pozinho” (Alice Ruiz).

Deixo Leminsky, que foi casado com Alice e é tradutor do essencial livro que me apresentaste, Pergunte ao Pó. Isto é, pergunte a si mesmo

Um abraço,

Edu

Apagar-me
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

Sandra Leite disse...

Ronaldo,

Gosto quando você escreve com humor, gosto quando você aponta pra filosofia, gosto quando escreve sobre o amore gosto quando você escrve delírios de uma noite de verão. Enfim, gosto quando você escreve. Pensei em tanta coisa nesse post...é vento e pó que esparrama. às vezes perde o sentido de ser, às vezes é simplesmente nosso sentido. Nada tá fechado, Ronaldo.
Tem uma música do meu amante maior, o Chico, que fala um pouco disso. Música essa que não sai da trilha sonora pra viver dos últimos meses, " A ostra e o vento". Chico diz:

Vai a onda
Vem a nuvem
Cai a folha
Quem sopra meu nome?
Raia o dia
Tem sereno
O pai ralha
Meu bem trouxe um perfume?
O meu amigo secreto
Põe meu coração a balançar
Pai, o tempo está virando
Pai, me deixa respirar o vento
Vento


.....me deixa respirar o vento. Esse é o pedido.

beijos