quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Eles querem ficar ricos




É incrível como grande parte dos norte-americanos nutre o sonho de, um dia, ser rico.
Andando por livrarias nos Estados Unidos, a gente fica impressionado com a quantidade de livros que ensinam fórmulas para alcançar a riqueza. Também é surpreendente o número de seminários e palestras que tratam do tema.

Em um país que construiu seu modelo econômico com a tese de que todos têm oportunidade de empreender, essa busca insandecida pelo dinheiro é compreensível. E, de fato, lá as oportunidades são muito maiores que aqui.

Como seria possível, então, constituir o mesmo discurso em países como o Brasil, nos quais o abismo que separa pobres, ricos e potenciais-ricos é tão grande?

Enquanto, nos Estados Unidos, a solução é correr para o mercado, aqui, o jeito é pegar com Deus. A Teologia da Prosperidade, vedete em templos evangélicos e católicos (de uma certa corrente), nada mais é que nossa versão do sonho da riqueza fácil. Quando a gente lê um panfleto de uma destas palestras de consultores americanos das quais falei, se sente diante de um convite para um culto cristão moderno. O objetivo é o mesmo, o discurso é o mesmo, o Deus é o mesmo, apenas as estratégias são diferentes.

Como diria Robinson Cavalcanti, falar de prosperidade e dinheiro na Califórnia é fácil... quero ver isso dar certo no sertão do Piauí.

14 comentários:

Anônimo disse...

Caro Correspondente Internacional,
Percebo que sua incursão nortista ainda o faz relfetir.
Os primeiros antropólogos cunharam um axioma: ao olharmos os outros é que nos enxergamos.
Não é à toa portanto, que seus 3 posts norteamericanos (violência, consumo e prosperidade) reflitam sobre preocupações bem tupiniquins. E ainda por cima, estejam todas muito inteligadas.
A sociedade de hiperconsumo é liderada pelos EUA (25% do consumo mundial), mas é um padrão cultural-econômico que se relfete até nas áreas pré-capitalistas.
Consumo fútil (quer de rampas caninas; quer de auto-ajuda esotérico-evangéica)expõe desigualdade, cria fossos que são transpostos pela violência banal.
Enfim, meu caro Hélio Costa II, "direto de Washington para o Capão Redondo".
Um ab
eDu

Ps- Avise a Vossa Eminênencia Episcopal que o sertão piauiense está enricando com a soja, a pobreza se agrava é no MA e AL

Ronaldo Martins disse...

Então poderíamos dizer: quero ver isso dar certo no sertão do Maranhão.
abs,

Pedro Ivo Martins Brandão disse...

Oi, Ronaldo, voltei.

A percepção procede. E não é que por aqui no Brasil, copiam a mesma lógica. Também temos o nossos grandes palestrantes, que falam de sucesso como algo a ser conquistado, um lugar no paraíso.

Esta semana descobri algo impressionante nesse oceano da web. Até a nossa querida bandeirinha capa de julho da playboy, Ana Paula Oliveira, virou palestrante. Ela vende as palestras e muitas outras coisas no site www.anapaulaoliveira.com.br. Vale a pena ver. Tem palestra sobre trabalho em equipe e até sobre a força da mulher.

Como você já deve ter lido, a moça se filiou ao Partido Comunista do Brasil e pode ser candidata a vereadora em São Paulo. Aliás, vou postar sobre isso amanhã.

Abraço.

Anônimo disse...

Por falar em livros, achou o meu A SCANNER DARKLY?

Abraço!

Ronaldo Martins disse...

Cara,
Eu e Danilo rodamos várias livrarias.
Encontramos vários livros deste autor, mas este, especifamente, não.
Peça para o Danilo continuar procurando.
Grande abraço,
Ronaldo

Anônimo disse...

Ah, que pena!

Já voltou, cara?

Abraço!

helena disse...

a grande questão é: há como se ter qualidade de vida e um conforto médio sem sucesso e dinheiro?

o capitalismo é tudo isso- e nem precisa ir ao nordeste para ver. estamos aqui na região metropolitana de belo horizonte, vendo bem o preço e sentindo bem o valor do sistema.

resta saber do que vale a coragem nesse mundo de consumo e prosperidade. os malucos das estradas estão aí. e quem é mais feliz?

Ronaldo Martins disse...

Helena,
A verdade é que precisamos de muito pouca coisa para ser feliz. Quando consumimos, queremos muito mais criar categorias de comparação com os outros do que satisfazer alguma necessidade fundamental.
Volte outras vezes.
abs,
Ronaldo

Natanael Mahon disse...

Na minha rua vive um velho pastor evangélico que leva os rebentos a passear no shopping center, dizendo que serve pra que eles vejam tudo de que não precisam para serem felizes...
Acho patéticamente poético e engraçado.
Abraço!

Sandra Leite disse...

Ronaldo,

Abandonou o blog? Saudade das reflexões direto de Boston!

Anônimo disse...

Só pra vc ter uma ideia de como o consumismo contamina, tem um amigo meu que vai fazer a festa do seu aniversário no Ouro Minas Hotel, pode?

Anônimo disse...

Ronaldo,
Cadê vc?!
Abandonou o blog e os leitores...
Ando sentindo falta das reflexões profundas - de Maiakovski a Donald Trump... Volta!
Abs,
Carol

Ronaldo Martins disse...

Vixe, Carol,
Só porque vc e a Sandra reclamaram, coloquei um post novo.
rsrsrsrs

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom