quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cuidado com a internet



Como deu pra perceber, eu estava de férias.
Fui pra longe, onde não havia internet disponível.

Embora desconectado, descobri que a gente precisa mesmo desconfiar da internet.
Encontrei um site que vende livros de sebos e resolvi comprar uma "pilha" para ler durante as férias.
Como eu e meu amigo Jason decidimos criar neste espaço virtual um grupo literário e elegemos o livro Através do Espelho como nossa primeira leitura, coloquei um exemplar na minha cesta de compras.

Chegou tudo direitinho pelo correio. Quer dizer, quase tudo. Em vez do livro do Lewis Carroll, sugerido pelo Jason, o que veio? Um homônimo, escrito pelo Jostein Gaarder, autor de O mundo de Sofia







Eu sei que o Jason, como filósofo que é, odeia O mundo de Sofia.
Mas, já que o livro do cara veio, eu tive que ler.
Achei interessante. Vou indicar para minha filha, a Júlia.

Agora o jeito é conseguir um exemplar do "verdadeiro" Através do Espelho para que comecemos o nosso debate literário.

Moral da história: cuidado com o que você compra pela internet.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Let me try again


Gosto das releituras de clássicos da música.
Não deve ser nada fácil fazer uma versão que garanta algo de novo para canções tão conhecidas.

Esta introdução é apenas para justificar a postagem de uma música que grudou em mim nos últimos dias: Let me try again

Com o Skank ou com o Frank Sinatra?

Este foi um dos sucessos do primeiro CD nacional do grupo mineiro. Creio que não fez tanto sucesso quanto Indignação, mas apresentou a levada de reggae do Skank.

Mas o Frank Sinatra cantando esta música é algo sensacional. Aliás, cantando qualquer música.

Para que eu não me imagine um crítico de artes (quem entende do assunto é a Sandra, do blog Isso é Bossa Nova), vamos ouvir o Sinatra. Bom proveito!

 Frank Sinatra - Let me tray again


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Chesterton e a ortodoxia


A obra: Ortodoxia
O autor: G.K. Chesterton

Acabei de ler o livro, uma reedição comemorativa dos 100 anos de publicação da obra.
Chesterton, filósofo e escritor inglês, que produziu muito no início do século XX, faz uma defesa consistente do cristianismo contra o materialismo e o racionalismo.

Em nosso mundo pós-moderno, a palavra ortodoxia tem sido relacionada com conservadorismo. Chesterton tenta demonstrar que não é bem assim. Para ser revolucionário, o indivíduo deve, muitas vezes, ser ortodoxo.

Recomendo a leitura.

Como não quero fazer uma discussão filosófica tão árida, recolhi um trecho mais ameno do livro para compatilhar:

"Se algum ato humano qualquer pode, grosso modo, ser chamado de sem causa, trata-se de um ato menor de um homem sensato: assobiar andando por aí, golpear o capim com uma bengala, bater os calcanhares no chão ou esfregar as mãos. O homem feliz é que faz coisas inúteis; o homem doente não dispõe de força suficiente para ficar sem fazer nada.
São exatamente essas ações despreocupadas e sem causa que o louco jamais saberia entender; pois o louco (como o determinista) em geral vê causa demais em tudo. O louco veria um significado de conspiração nessas atividades vazias" (Chesterton)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sopa aérea



Eu adoro sopas.
Pensei que gostava de qualquer tipo de sopa.
Me enganei.

Na semana passada, voando de SP para BH, fui surpreendido pela Cia Aérea. Ao iniciar o serviço de bordo, eles informaram que o "prato" seria sopa. Confesso que nunca havia tomado sopa em um avião. Se alguém já teve esta experiência, que nos relate, por favor.

O pessoal da Cia Aérea deve ter chamado isso de inovação. Eu prefiro chamar de desencantamento. Antes de explicar por que penso assim, tenho que fazer justiça: eles conseguiram me fazer perceber que, na verdade, não gosto de sopa, mas do ritual que ela nos proporciona em volta da mesa.

A sopa do avião não tinha qualquer encanto.
Imaginem: ela estava acondicionada em garrafas térmicas (seria demais imaginar uma panela borbulhante voando por aí); era servida em uma canequinha de isopor (muito diferente dos pratinhos de louça); devia ser bebida, como se faz com o cafezinho do avião (sopa sem colher é demais!); pra finalizar, não consegui me ver deixando o caldo escorrer pela camisa. Dentro de um avião, não seria possível.

A única coisa que a sopa da TAM conseguiu foi fazer o serviço de bordo atrasar. As comissárias não se derem bem com aqueles carrinhos entupidos de "garrafas de sopa".

Definitivamente, não gosto de sopa.
Gosto de algo que nos encanta, fazendo da refeição um divertimento.
Pode até ser uma boa sopa.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Naquela mesa



Admito que tenho um gosto musical, diria, eclético.
Com esta história de ficar falando de reminiscências, me lembrei de uma canção antiga, da qual meu pai gostava muito.

Veja se você já ouviu este verso: "naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim".

A canção foi feita pelo Sérgio Bittencourt, em homenagem ao pai, Jacob do Bandolim, o homem que transformou a história do bandolim na música brasileira.

Eu não sei qual era a falta que meu pai sentia ao ouvir esta música. Infelizmente, nunca conversamos sobre isso. Mas, para mim, esta canção acabou se tornando um símbolo da falta que eu sinto dele.

A mesa é o local em que nossas faltas doem mais. Afinal, é na mesa que nos tornamos completos. Ao redor do pão, do vinho e dos amigos, temos a sensação de que vale a pena viver. Não foi por outro motivo que Jesus Cristo escolheu ser lembrado ao redor da mesa: "todas as vezes em que vocês beberem deste pão e comerem deste vinho, se recordarão de mim".

É por isso que, na mesa, sentimos tanta saudade daquilo que nos falta.

 Nelson Gonsalves - Naquela Mesa - Nelson Gonsalves - Naquela Mesa


NAQUELA MESA

naquela mesa ele sentava sempre
e me dizia sempre o que é viver melhor
naquela mesa ele contava histórias
que hoje na memória eu guardo e sei de cor
naquela mesa ele juntava gente
e contava contente o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho
eu fiquei seu fã
eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto, uma casa e um jardim
se eu soubesse o quanto dói a vida
essa dor tão doída, não doía assim
agora resta uma mesa na sala
e hoje ninguém mais fala do seu bandolim
naquela mesa ta faltando ele
e a saudade dele ta doendo em mim
naquela mesa ta faltando ele

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Eu não tive um Falcon


Em homenagem ao Jasão, que sempre obriga os amigos a atualizarem seus blogs, resolvi falar mais um pouco sobre objetos que moram no passado.

Mas agora quero me lembrar de algo que não tive. Uma das grandes frustrações da minha vida foi nunca ter ganhado um Falcon de presente (felizmente, não fiquei com cara de Falcon por causa disso).

Por que será que minha mãe nunca me deu um Falcon?
Como diria a Sandra, eu devo estar ficando velho. Guimarães Rosa deve ter se inspirado na Sandra quando fez o Riobaldo dizer: "toda saudade é uma espécie de velhice".

Será que a gente ainda encontra o Falcon nas lojas?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Confidências



Um dos poucos objetos do meu passado que guardo com cuidado é uma máquina de escrever da Olivetti. Talvez porque, nos momentos de desconfiança, eu pense que o único aprendizado "acadêmico" realmente útil da minha vida tenha sido o cursinho de datilografia do Senac.

Nesta semana, tive dúvida se já havia apresentado minha Olivetti para a Júlia.

"Filha, você conhece uma máquina de escrever?"
"Claaaaarrrro, papai!"
"Você viu a máquina do papai?"
"Você tem uma?", ela perguntou espantada.
"Tenho.Não foi ela que você viu?"
"Não, papai. Eu vi uma máquina na excursão que a escola fez a um museu"



Se a Júlia conheceu uma máquina de escrever em um museu (quantos trabalhos de escola eu fiz na minha velha Olivetti!), o que dizer do meu primeiro e único aparato mais ou menos parecido com um vídeo-game: o telejogo.

Pra Júlia eu não vou perguntar. Mas, e você: conheceu o telejogo? Se não teve esta oportunidade, não sabe o que perdeu. Nem se comparava a um... atari, mas como era bom jogar tênis girando dois seletores parecidos com aqueles de aumentar o volume das antigas TVs.

Ainda que o presente seja maravilhoso, o passado sempre nos atormenta com suas pequenas coisas. A vida é muito mais um passeio de carrossel do que uma viagem por uma auto-estrada.

Gosto de olhar para trás, às vezes com alegria, às vezes com dor, mas sempre valorizando a saudade.

Estou me lembrando de Drummond

CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

14 Bis



Nesta semana se apresentaram juntos, no Palácio da Artes, 14 Bis e Marcus Viana (Sagrado Coração da Terra). Mineiro sabe o que é isso.

Eu cresci ouvindo 14 Bis, embora muitos amigos achassem insuportável os falcetes do Fávio Venturini. Deixa pra lá. Vou morrer confessando minhas preferências musicais, ainda que elas não agradem à turma mais "descolada", ou sofisticada.

O 14 Bis era (ainda estão por aí, mas eu mudei) uma mistura particular de melodia e poesia, que construia uma certa "identidade montanhosa" do mineiro. Somos gente que observa, escuta, contempla, se esconde do barulho quando quer ouvir o coração. Quando vezes fiz isso ouvindo o 14 Bis.

Pra reforçar a nostalgia, selecionei uma canção que não é das mais conhecidas neste Brasil afora.

 14 Bis - Pequenas coisas


PEQUENAS COISAS

Trago um pedaço da noite
Junto comigo
Bebo outro gole, outra chuva
Corro perigo
Cada instante que ouço bater
Meu coração dentro de mim
Ouço as palavras do vento
Me confessar
Que desde o início dos tempos
Busca chegar
Onde possa se transformar
Numa brisa
Para transportar e guardar
O perfume das flores
Os pequenos murmúrios
Folhas tristes do outono
E o jeito do amor
Sigo no rumo da manhã
Rindo sozinho
Dos pensamentos que tenho
Com festa e vinho
O ar da noite - sopro de vida
Me lembrando
O que eu esqueço existir



quarta-feira, 14 de maio de 2008

O inferno são os outros



Nesta semana, pela segunda vez, vi a seguinte frase em um destes adesivos de automóveis: "a força da sua inveja é a velocidade do meu sucesso".

Fiquei extremamente incomodado. Não pelos equívocos da afirmativa (e são muitos), mas pelos traços de intolerância que ela revela. Quando alguém prega um adesivo assim no carro, estampado como um princípio de vida, parece estar apontando uma metralhadora para qualquer pessoa que apareça na frente.

Se eu paro o meu carro atrás, torno-me alvo do sujeito. Quer queira, quer não queira. Afinal, o motorista bem sucedido insiste em dizer que todo mundo que cruza pela avenida é invejoso.

Como diria Sartre, "o inferno são os outros". Ou melhor, o inferno é a nossa porção presente no outro, sobre a qual não temos controle, contra a qual nada podemos. É deste inferno que o indivíduo parece tentar se proteger quando prega adesivos mal-educados no vidro do carro.

Diante da intolerância, da ignorância, da falta de perspectivas que assola tanta gente, vou lembrar, de novo, Cazuza:

 Cazuza - Blues Da Piedade


BLUES DA PIEDADE

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já crescem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que estão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Quem sabe isso quer dizer amor


Lô Borges é uma das faces da chamada "música mineira": a turma que bebe nas águas do clube da esquina.
Ele produz pérolas que precisavam fazer mais sucesso.

Esta, em parceira com Márcio Borges, ficou mais conhecida na voz do Milton Nascimento. Mas eu prefiro manter com o autor.
Nas músicas do Lô, melodia e poesia parecem feitas uma para a outra.

Cheguei a tempo de te ver acordar
Eu vim correndo a frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira


Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois,
Sinais de bem, desejos de cais
Pequenos fragmentos de luz

Falar da cor, dos temporais,
de céu azul das flores de abril
Pensar além do bem do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu

O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele, tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer!

Pensei no tempo, e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça

Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar

Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você

O mundo lá sempre a rodar
Em cima dele, tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor
Estrada de fazer o sonho acontecer!


 Lí´ Borges - Quem sabe isso quer dizer amor


Mas, se você não conhecia a canção, e gostou muito, segue a versão com o Mílton Nascimento:

 MILTON NASCIMENTO - QUEM SABE ISSO QUER DIZER AMOR

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Elizabeth Barret Browning



Quem me dera falar de amor como ela.
Esta é uma poeta inglesa do século XIX, traduzida para o português por Manuel Bandeira (que dupla!).
Este soneto é considerado um dos mais belos poemas escritos por uma mulher em língua inglesa (não me perguntem quem fez esta eleição):

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh’alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Conversa de taxista



Sumi um pouco porque tenho viajado bastante.
Uma das coisas boas nestas horas são as conversas com os taxistas.
Veja esta, da semana passada.

Assunto 1: o trânsito
"Não tá dando mais para dirigir. Também, todo mundo pode comprar carro e pagar prestação de 200 reais."

Assunto 2: a violência e as regalias dos presos
"O problema é que os presos têm muita mordomia aqui: comida balanceada, visita íntima, banho de sol... eles tinham que ficar trabalhando com corrente amarrada na perna".

Assunto 3: redução da maioridade penal
"Também, aqui estes cavalões de 16, 17 anos, podem fazer qualquer coisa que não vão presos".

Assunto 4: Estatuto do Desarmamento
"Só no Brasil para votarem uma lei proibindo o cidadão de bem de usar arma. Agora o bandido vai assaltar a gente com mais confiança porque sabe que você deve tá desarmado".

De repente, surge o assunto 5: a prisão do sobrinho do taxista
"Meu sobrinho comprou uma arma pra se proteger do ex-namorado da namorada dele, que é um marginal da favela. Acabou preso e eu tive que pedir para um amigo meu, advogado, ir lá tirar ele da cadeira. Coitado, foi preso 5 dias depois de fazer 18 anos. Se fosse antes, não tinha ido pra cadeia. Ele sofreu muito nos 10 dias que ficou preso. A situação na cadeia foi igual um inferno. Ele só comia se os outros presos deixassem. Até converteu a Jesus. Por isso é que eu digo que a gente tem que orar e vigiar".

Você acha que é ficção de blogueiro? Não é não. Ele falou tudo isso.

Eu nunca sei se o sensacionalismo da mídia ajuda a construir os argumentos do cidadão comum ou se o ser humano é, por natureza, tão contraditório e individualista.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pecados capitais


Todo católico aprende no catecismo a lista dos sete pecados capitais: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça.

Eis que agora o Vaticano resolve "lançar" novos pecados capitais. Na lista divulgada no último final de semana, constam, dentre outros, a manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental.

Será que, sendo pecado a partir de agora, teremos que parar de dirigir nossos automóveis, evitando a poluição do ar?

Quando o Vaticano vai dizer que acumular tesouros na terra é um pecado capital?

terça-feira, 4 de março de 2008

Uma canção para hoje

Hoje me deu vontade de ouvir Roberta Sá.
Compartilho com vocês.


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Amor
Amor que nunca cicatriza
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou.
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor.
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural.
Uma
Qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma
Qualquer uma
Não faça bem mais que também não faça mal.
Meu coração precisa...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Amor e moral


O amor é a superação da moral.

É de Santo Agostinho a conclusão, descrita na célebre frase: "Ama e faze o que quiseres".

Onde não existe amor, a lei é necessária. Mas a lei pode voltar para o amor, de onde vem. É o que propõe Jesus: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'ame o seu próximo e odeie o seu inimigo'. Eu porém vos digo: amem os seus inimigos e orem por aqueles que lhes perseguem".

Ou, como diria Paulo aos cristãos do primeiro século: antes da graça, era necessária uma lei que atuasse como um pedagogo. Agora, não mais.

Antes, o amor é a origem da moral: "se o amor não fosse anterior à moral, o que saberíamos da moral? E o que ela nos tem a propor de melhor que o amor do qual ela vem, que lhe falta, que a move, que a atrai?" (Sponville)

Onde há amor, não é necessário impor outras virtudes. Por que uma mãe ama o filho, ainda que ele tropece? Quando conseguimos perceber nossos tropeços? Como diria Kant, é o amor que tudo comanda. Ou, seguindo Spinoza, “toda a felicidade ou infelicidade consiste somente numa coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual aderimos pelo amor”.

Para fechar este confuso labirinto, pensemos novamente na filosofia de Riobaldo: "O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão".