segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O consumo norte-americano




Quando você viaja pelas principais companhias norte-americanas de aviação encontra na bolsa à frente dos assentos o catálogo de compras da Sky Mall. É incrível a capacidade que eles têm de consumir coisas que a gente nem imagina que alguém tivesse a capacidade de inventar.

Acima, apenas dois pequenos exemplos: uma rampinha para o seu cachorro entrar no carro e um jeito de curtir à vida em qualquer lugar (Imagino que haja lugares mais agradáveis).

Estou lembrando da definição que minha filha Júlia deu para Ciência (é a fala de uma criança de 7 anos): "ciência são as moléculas que se juntam para formar as coisas que precisamos e as que não precisamos também" (sic).

Acho que a Júlia descobriu quem inventa as coisas de que não precisamos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Boston é BH?


Estou em Boston, cidade maravilhosa.
Poderia falar de suas belezas, mas o que me chamou a atenção foram as notícias de violência que circulam pela mídia local.
Na semana passada, duas pessoas foram assassinadas no mesmo bairro da periferia: um adolescente e um jovem de 28 anos que estava indo buscar os filhos na escola. Eram negros.
Ontem um homem matou a mulher e suicidou. Os filhos viram a cena.
No início deste mês, assaltaram a mão armada um banco que fica na região em que estou hospedado.
Claro que não estou querendo comparar a violência do Brasil com a de Boston. Aqui, a gente consegue andar nas ruas à noite com certa tranquilidade. E a polícia me parece menos corrupta.
Mas percebo uma cidade em que as desigualdades entre ricos e pobres crescem bastante. Aliás, este é um indicador que tem crescido em todo os Estados Unidos.
Acho que a sociedade americana está diante de um desafio novo: diminuir o muro que separa pobres e ricos.
Não sei como eles vão fazer isso.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Reino de Deus


Lendo uma destas revistas de companhias aéreas, encontrei um artigo de João Sayad, ex-ministro do planejamento. No artigo, ele não falava sobre juros, PIB ou inflação, mas sobre outro tema: Felicidade (esse era o título do artigo). O que me chamou a atenção foi o trecho que reproduzo a seguir:

“A vida está organizada como um campeonato de futebol, onde todos desejam levar a Copa para casa. Desde os gregos, a civilização ocidental é competitiva. A metade cristã da civilização ocidental, o Sermão da Montanha (bem aventurados os humildes, pois deles é o reino dos céus), é assunto de domingo. Só os hippies estiveram interessados no reino dos céus. Caíram de moda. Invejamos e rivalizamos com o próximo. Pai, Abel, a mulher do pai, o país vizinho.”

A minha primeira reação foi de uma certa indignação. Como pode um economista se referir à proposta de solidariedade do Reino de Deus como algo fora de moda? Porque, em outras palavras, é isso que disse Sayad: na nossa sociedade competitiva, individualista e pós-moderna, na qual as pessoas querem apenas vencer umas às outras, não há espaço para a lógica do Reino.

Mas, será que ele não fez somente uma constatação da realidade?

Para nos deter apenas no exemplo citado pelo economista João Sayad, vejamos o que nos mostra o Sermão da Montanha:

- “Felizes os que choram...”: o Reino de Deus não oferece apenas a possibilidade das bênçãos em um modelo “self service”, no qual recolhemos aquilo que parece ser direito nosso. Para carregar a cruz de Cristo é preciso estar disposto a enfrentar as dificuldades que podem surgir no caminho.

- “Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros...”: ao contrário do conceito disseminado em nossa sociedade, no modelo de Jesus não há espaço somente para o que aprenderam mais, tiveram acesso às melhores escolas, nasceram em famílias da classe média e, por isso, são chamados de competentes. O Reino de Deus é espaço de solidariedade, onde fracos e fortes têm o mesmo valor.

- “Felizes as pessoas que trabalham pela paz...”: não dá para anunciar o Reino e defender o estado de guerra, no qual as pessoas fazem de tudo para ultrapassar o próximo, visto sempre como concorrente. Não dá para ser cristão sem promover a paz.

Acho que João Sayad está certo. O Reino de Deus está aprisionado nos cultos.