quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Deu no jornal


A Beatriz ainda não sabe o que é um jornalista. Tem só 3 anos. A Júlia, com 9, ainda está longe de escolher uma profissão, mas já consegue definir com precisão o espírito do jornalismo.

Na semana passada eu estava mostrando para ela o local em que havia presenciado um acidente grave. Fui questionado: "alguém morreu, papai?". Eu não soube responder, mas ela mesma resolveu o dilema: "não deve ter morrido, porque eles não mostraram na televisão. Todo dia eles mostram alguma morte no jornal".

De forma simples, Júlia descreveu o que nós poderíamos descrever como um dos princípios da ideologia da informação no jornalismo. Como diria o ditado repetido nas redações: "good news is bad news".

Notícia é o que transgride uma realidade previsível. Ninguém espera que um repórter se apresente ao vivo num telejornal para dizer que todos os vôos chegaram no horário e não houve imprevistos. O que se deseja é que ele sempre tenha um "caos aéreo" para descrever.

Não estou aqui defendendo um jeito de fazer jornalismo. Meus argumentos servem apenas como introdução para uma pergunta (a maior introdução da história):

- Por que sempre nos incomodamos com o que é constante, previsível, supostamente desprovido de desfechos espetaculares? Por que não temos mais a capacidade de nos emocionar com aquilo que encontramos no cotidiano?

4 comentários:

Sandra Leite disse...

Ronaldo,

Só temos respostas para aquilo que não é importante. Sabemos o que não interessa, a essência da vida nem enxergamos. E assim caminha a humanidade. Tosca:)

(leve em consideração quase 1 garrafa de Absolut Manga pra dizer isso) :)

É isso... e você continua sendo meu ídolo! Bye, Ronald!;)

Divirta-se!!

Qualquer Um (Bigduda Nobody) disse...

Caro Jornalista-Filósofo,

A emoção está associada ao que foge do padrão. Precisa ser assim. Outrossim (adoro esta palavra:->) estaríamos todos drenados emocionalmente.
Mais do que se emocionar, perdemos a capacidade entender as maravilhas escondidas no cotidiano. Confundimos cotidiano com banalidade.
Entendemos o que significa que todos os voôs que pousaram seguros, quando um não. Lembramos que estamos vivos, quando vemos a face da morte. Percebemos a falta que alguém faz, quando ela não está.
Assim também o entendimento do milgare de viver , amar e ser amado precisa ser nosso axioma, nosso credo. Mesmo quando a emoção não estiver lá, a certeza estará e nos lembrará.
um ab
edu

Sandra Leite disse...

Ronaldo,

Gostou da serenata que fizemos para você via Embratel? tava afinadinho, nao tava? :D

Ronaldo Martins disse...

Vc tava com a garrafa de Absolut Manga na cabeça.