
Deus é amor, afirmam os textos bíblicos. Ele criou o mundo por amor.
Mas será que Deus criou porque precisava de algo para se completar? Se assim fosse, ele não seria perfeito. Entender o amor de Deus pode ser um bom caminho para que entendamos a melhor maneira de amar.
Segundo Simone Weil, “a criação é da parte de Deus um ato não de expansão de si, mas de retirada, de renúncia. Deus e todas as criaturas é menos que Deus sozinho. Deus aceitou essa diminuição. Esvaziou-se de si uma parte do ser. Esvaziou-se já nesse ato de sua divindade. Deus negou-se em nosso favor, para nos dar a possibilidade de nos negar por Ele. Esta resposta, este eco que depende de nós recusar é a única justificativa possível à loucura de amor do ato do criador.
As religiões que conceberam essa renúncia, essa distância voluntária, esse apagamento voluntário de Deus, sua ausência aparente e sua presença secreta aqui embaixo, essas religiões são a verdadeira religião, a tradução em diferentes línguas da grande Revelação. As religiões que representam a divindade como comandando em toda parte onde tenha o poder de fazê-lo são falsas. Mesmo que monoteístas, são idólatras”.
Alain complementa: “O novo Deus é fraco, crucificado, humilhado... Não digam que o espírito triunfará, que terá potência e vitória, guardas e prisões, enfim a coroa de ouro. Não... É a coroa de espinhos que ele terá”
Amar não é reafirmar o nosso poder.
Amar é esvaziar-se
7 comentários:
Era exatamente por isso que eu chamava o meu finado blog de "Esvaziar das nuvens". Mesmo que por um viés pretensamente (pretensiosamente?) artístico, é na arte que eu entro em contato com as forças deste mundo.
É através da arte que eu tentava me esvaziar, esvaziar os sentidos, numa tentativa de "religare"...
Há um místico alemão, Mestre Eckhart, que dizia:
"Deus, que somente é alcançado pelo ser humano na medida em que este, assemelhando-se a Deus mesmo, esvazia-se quenoticamente no desprendimento, na palavra abgeschiedenheit. Desprender-se é o movimento para o Nada. Desprender-se provoca os interesses divinos na alma que assim se faz vazia: uma gravidade divina tende, inevitavelmente, para todo cristão que assume a postura desprendida diante da vida, do sofrimento e da morte. De tal desprendimento, portanto, chegamos ao estágio necessário da gelassenheit: a plena serenidade não estóica diante da existência. Assim como Deus é Nada, fazer-se Nada é atrair Deus a si mesmo sendo, assim, feitos como somos realmente: um com Deus que só é Deus na dimensão da existência, porém, não da essência e, destarte, O mestre nos remete à origem humana e leva-nos a sermos o que já somos desde sempre..."
Desprendendo-me, busco uma outra forma de "religare" que me interesse mais que o meu antigo blog...
abraços!
Puxa vida!
Não sei o que acho mais bonito, se o texto do Ronaldo ou o comentário do Jasão.
Show de bola, ambos!
E nós, mortais, ficamos aqui embaixo só bebendo na fonte!
Ronaldo, aproveitando o ensejo, entrei no blog da Sandra Leite e é realmente lindo. Recheado de poesia e amor!!! Ainda não tenho é coragem de fazer quaisquer comentários... a poesia dela é filosófca demais. Mas aquela rosa tatuada....hummmmmm!
Xandão
Caro Jason,
Que história é esta de finado blog? Preciso beber na sua fonte para conseguir escrever alguma coisa. Não abandone a blogosfera.
E o Alexandre precisa logo fazer o blog dele.
Abs,
Ronaldo
Caro Jornalista-Teõlogo
O nível de discussão e comentários do blog está subindo além de minha vã filosofia, mas mesmo sem poder fazer um comentário com a profundidade do Jasão, arriscarei um.
Meu problema é com um dos pressupostos que você usa: se Deus é perfeito não precisa de ninguém. Este axioma, que poucos questionam, não é necessariamente bíblico, é da filosofia grega clássica que define perfeição como estado estático, pleno e total. Não sei se os poetas e demais escritores bíblicos tinham este mesmo conceito. Para ser perfeito é necessário não precisar de nada? Não tenho certeza nem que sim, nem que não. Apenas acho que devemos manter a possibilidade de que a perfeição de Deus necessitasse sim do homem para amar e se relacionar, que a perfeição de Deus não era completa, mas perfeitamente amorosa e assim, incompleta. Isto daria uma dimensão ainda mais misteriosa ao amor quando aplicado a Deus.
Um ab
edU
Edu,
é uma tese. Mas precisaremos de muitos posts e da ajuda do Jason para desvendar este mistério. Vou pensar no assunto, mas... é muito para a minha filosofia de botequim.
Ronaldo,
Em 1o lugar quero PROTESTAR ao fim do blog do Jasão. Como assim? Era um presente pra nós....Volta, Jasão!
Em 2o lugar, Alexandre, faça o favor de comentar da próxima vez que visitar o Isso é Bossa Nova:)Poxa, o blog é para vocês também e adoro receber novos leitores. Faça o favor, tá? ;) Se você soubesse como aprendo com cada comentário. É sempre uma outra leitura do mesmo assunto. E normalmente melhor que o post ;)
Terceiro, belíssimo texto, Ronaldo! De uma profundidade ímpar! Deus de fato não precisa de nós, sua soberania é inquestionável.
Mas vai entender o pq Dele querer tanto a nossa participação no processo da humanização do ser embrutecido pelo sistema?
Adorei esse trecho do comentárrio do Jasão " É através da arte que eu tentava me esvaziar, esvaziar os sentidos, numa tentativa de "religare"..." Lovely!
E você tirou meu chão, Ronaldo, ao dizer :
"Amar não é reafirmar o nosso poder.Amar é esvaziar-se"
Texto dificil de comentar....
Belo texto, belos comentários.
O amigo Alexandre Klen me indicou seu blog tecendo muitos elogios, vejo que ele estava certo!
Ouvi do meu blog agora:
"Quando eu crescer quero ser igual a ele, papai!! " rsrsrs
Abraços e parabéns!
Alvim Dias
Blog "Inté Zé!" - Blasfêmeas costumeiras de uma mente insana.
http://inteze.blogspot.com
Postar um comentário