
O amor é a superação da moral.
É de Santo Agostinho a conclusão, descrita na célebre frase: "Ama e faze o que quiseres".
Onde não existe amor, a lei é necessária. Mas a lei pode voltar para o amor, de onde vem. É o que propõe Jesus: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'ame o seu próximo e odeie o seu inimigo'. Eu porém vos digo: amem os seus inimigos e orem por aqueles que lhes perseguem".
Ou, como diria Paulo aos cristãos do primeiro século: antes da graça, era necessária uma lei que atuasse como um pedagogo. Agora, não mais.
Antes, o amor é a origem da moral: "se o amor não fosse anterior à moral, o que saberíamos da moral? E o que ela nos tem a propor de melhor que o amor do qual ela vem, que lhe falta, que a move, que a atrai?" (Sponville)
Onde há amor, não é necessário impor outras virtudes. Por que uma mãe ama o filho, ainda que ele tropece? Quando conseguimos perceber nossos tropeços? Como diria Kant, é o amor que tudo comanda. Ou, seguindo Spinoza, “toda a felicidade ou infelicidade consiste somente numa coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual aderimos pelo amor”.
Para fechar este confuso labirinto, pensemos novamente na filosofia de Riobaldo: "O mal ou o bem, estão é em quem faz; não é no efeito que dão".